segunda-feira, 8 de março de 2010

5 - Para onde caminhamos?




Tive a oportunidade de assistir na passada quinta-feira, no programa da RTP1, à Grande Entrevista onde Judite de Sousa questionou o prof. Medina Carreira acerca da situação actual de Portugal.
Foi realmente uma grande entrevista, que me deixou um amargo na boca, por dois motivos; por ser tão curta perante tanto que haveria para perguntar e devido ao panorama que nos foi deixado para um futuro imediato e a médio-prazo.
Não há nada pior, do que manter o povo na ignorância dos factos, e de repente despejar-lhe em cima com um balde de aflições e privações.
Na hora do almoço desse dia, ao ver o desenrolar, pela televisão, da greve da função pública, tinha posto a mim próprio o receio perante a incapacidade que aqueles que manipulam os trabalhadores têm de esclarecer as coisas, pondo os pontos nos iis. Não é possível aumentar os salários da função pública. Nem agora, nem nos próximos anos. A luta reivindicativa, que se compreende, tem de ser substituída pela confrontação dos factos. Estamos a um passo de nos encontrarmos na mesma posição da Grécia que já passou à fase de ter de curtar os valores dos subsídios de férias e de Natal, e que num futuro próximo terá de curtar nos próprios salários, pensões de reforma e outros subsídios sociais. Estamos a dois passos da falência do Estado e a três de perdermos a total autonomia quanto à definição do nossos futuro. E perante isto, todos se calam, desde o Presidente da república, passando pelo governo, que parece sofrer de autismo, até aos Sindicatos que mais uma vez estão a apostar no velho modelo - "quanto pior melhor!".
Valeu a pena ter estado a ouvir o discurso lúcido de um homem, que não se verga aos interesses do momento, nem tem medo das consequências das posições que assume.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

4 - A Islamização da Europa


Título: A Islamização da Europa
Autor: Alexandre del Vale
Editor: Editora Civilização - Outubro de 2009
Custo: 16,90 euros
Cópia do texto de apresentação da editora:
"O presente ensaio é um alerta. Tem como objectivo provocar a reflexão sobre a evolução da Europa, em particular da União Europeia, ameaçada pela investida cada vez mais ampla do islamismo radical, que infelizmente tem a sua acção facilitada pelo agravamento dos problemas migratório e demográfico.
Este livro é fruto da observação directa, de reuniões com grandes especialistas e da análise de importantes estudos sob o prisma elucidativo da teoria da EURÁBIA, concebida pela historiadora anglo-egípcia Bat Ye'Or.
A EURÁBIA permite ampliar de forma contundente e colocar em esclarecedores quadros de conjunto sintomas da decadência da Europa, hoje objectos da desatenção geral, mas que de facto constituem prenúncios de derrotas inesperadas. Mostra uma ideologia de dominação e uma meta de hegemonia cultural, explicando ainda os efeitos devastadores da apatia do europeu médio diante do perigo islâmico. A generalização da inércia e do derrotismo precipitará os povos europeus - por medo, interesses económicos ou fascínio pelo poder emergente - nas garras do totalitarismo islâmico.
A Europa, por razões facilmente compreensíveis, é um dos objectivos mais encarniçadamente perseguidos por este totalitarismo verde. A Europa transformou-se em alvo fácil. Outrora poderosa e activa, hoje é um continente enfraquecido demograficamente , muito dependente do petróleo islâmico e, sobretudo, debilitada na sua capacidade de resistir.
Os grandes pólos irradiadores da nova conquista islâmica compreenderam que chegou o momento de investir contra a Europa, para a submeter aos seus desígnios de dominação religiosa e política. Para os europeus tornou-se imprescindível o conhecimento imediato da situação descrita neste livro. Tal é o objectivo do seu autor."
Apreciação pessoal:
A leitura do livro "Fúria Divina", sobre o qual teci um comentário anteriormente, alertou-me para a existência de um islão agressivo que não se compara à imagem estereotipada, que nos últimos anos tem vindo a ser veiculada na Europa, de um islamismo moderado, respeitador dos valores ocidentais e que deseja a coexistência pacífica. Este Islão é uma miragem que, de certa forma, os muçulmanos acomodados e ocidentalizados tentam convencer-nos de que é o verdadeiro Islão. Mas, com o avançar dos tempos e com a evolução dos acontecimentos da vida política internacional, percebemos que a ala radical, que leva o Corão à letra e que não pretende qualquer tipo de compromisso com a civilização ocidental, que odeiam, vai agregando ao seu redor, um número cada vez maior dos deserdados da fortuna, dos oprimidos e dos revoltados.
O Islão radical, veio substituir o vazio que a queda do comunismo tinha cavado. São eles os novos libertadores dos povos oprimidos pelo capitalismo americano-sionista.
A história já demonstrou várias vezes que, minorias activas, podem condicionar os destinos dos povos, promovendo soluções ditatoriais e totalitárias, como a única opção para enfrentar vazios do poder ou para colmatar roturas económicas que parecem não ter solução.
Tivemos a Revolução russa de 1917, a ascensão do Fascismo italiano e do Nazismo alemão, o Franquismo e o Estado Novo que, em Portugal, pôs termo aos desvarios da 1ª República.
Esta minoria, de que estamos falando, manobra entre a chantagem emocional e o terrorismo.
Toda a Europa sofre do "complexo da colonização", pois todos os países que a compõem, não conseguem esquecer a opressão e a exploração exercida sobre os povos que dominaram. Quando esse passado lhes é deitado à cara, encolhem-se acobardados. Essa é a chantagem emocional que o Islão radical usa para pressionar as decisões dos políticos europeus. A outra face, a do terrorismo, todos a conhecem muito bem. Vai dos atentados de Madrid e de Londres, até ao assassinato em 7 de Maio de 2002, de Pim Fortuyn, um político populista que classificava o Islão como uma cultura atrasada, seguido do de Théo Van Gogh, em 2 de Novembro de 2004, que foi degolado por um extremista islâmico, como represália pelo filme que tinha realizado, onde denunciava a forma como as mulheres muçulmanas são tratadas nos países onde vigora a "sharia" (Lei canónica do Islão, retirada do Corão e dos hadith).

3 - Fúria Divina

Título: Fúria Divina
Autor: José Rodrigues dos Santos
Editor: Gradiva - 1ª edição Outubro de 2009
Custo: 20,70 euros

Não resisti à curiosidade e comprei este livro.
À semelhança do seu outro livro - "O Sétimo Selo", tem um final feliz, à medida da conveniência do mercado, pois os livros e filmes com um final trágico, acabam por vender pouco, embora nenhum super-herói tenha salvo as populações de Hiroxima e Nagasaki, nem os seis milhões de judeus do holocausto, nem tão pouco as vítimas do 11 de Setembro.
Uma coisa é certa, José Rodrigues dos Santos, teve a coragem e a ousadia de ser politicamente incorrecto, ao dar-nos uma perspectiva do Islão que não é aquela que nos pretendem vender.
Através de conversas ficcionadas, entre duas personagens do romance, Ayman, um mestre fundamentalista, e Ahmed seu discípulo, vamos tendo conhecimento da faceta radical do Islão e do seu fundamento, assente exclusivamente no Corão e nos Hadith deixados pelo Profeta.
Deixo-vos estas passagens do livro, que acho magníficas:
"... No Islão as pessoas não têm o poder de decidir o que é legal ou ilegal. Esse poder é exclusivo de Alá! Os adúlteros têm de ser lapidados até à morte, mesmo que as pessoas discordem dessa penalização. Quem faz a lei de Deus, não são as pessoas! A Lei Divina está enunciada no Santo Alcorão e na sunnah do profeta, que a paz esteja com ele, e as pessoas, gostem ou não, têm de a respeitar na íntegra. Se não o fizerem, tornam-se kafirun e a sociedade mergulha na jahiliya. É por isso que a democracia é inaceitável para o islão. Ao retirar o poder a Deus e entregá-lo aos homens, ela está a semear a heresia e o politeísmo.
"...Existe um hadith que revela que o Profeta, que a paz esteja com ele, perguntou a um grupo de amigos: Quem pode tratar do Kaab bin Ashraf? Referia-se a um poeta que criticava Maomé, que a paz esteja com ele. Um homem chamado Musslemah perguntou: Quer que o mate? O Profeta, que a paz seteja com ele, respondeu: Sim. Musslemah decapitou então o poeta e Maomé, que a paz esteja com ele, disse: Se ele se tivesse calado como todos os que partilham a sua opinião, não teria sido morto. Mas ele ofendeu-nos com a sua poesia e qualquer de vós que fizesse o mesmo também mereceria a espada. Este hadith mostra que não se pode criticar o islão e que a punição para quem o fizer é a morte."
"...Quando vêm com essas ideias, o que eles realmente querem é atingir as fundações do islão e demolir a estrutura da nossa sociedade. Ao pregar a liberdade, a democracia e os direitos humanos, os kafirun cristãos estão a atacar o islão com poderosas armas intelectuais."
Mais à frente, numa conversa entre dois outros personagens, um investigador português, Tomás Noronha, e uma operacional da CIA, Rebecca Scot, o primeiro faz esta afirmação:
"Aqueles a quem você chama fundamentalistas limitam-se a seguir à letra as ordens que estão no Alcorão e na vida de Maomé. Tão simples quanto isso."
Rebecca comenta:
"...Sempre ouvi dizer que o islão é totalmente pacífico e tolerante..."
Ao que Tomás contrapõe:
"...A versão do islão que nos é apresentada é uma versão expurgada destes pormenores perturbadores. Dão-nos uma versão cristianizada do islão..."
Se têm interesse pelo tema do terrorismo islâmico, suas convicções teológicas, suas aspirações e o modo como perspectivam vir a impor o Islão a toda a humanidade, dou-vos por conselho a leitura deste livro.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

2 - Davos versus Globalização

A 40ª edição do Fórum Económico Mundial, chegou ao fim.
Os líderes políticos e económicos reunidos em Davos, não duvidam que a crise económica que o mundo está vivendo, terá consequências sociais e também políticas.
Poderemos assistir ao despontar de reacções sociais violentas e ao ressurgimento do nacionalismo exacerbado.
A perspectiva dos responsáveis, aponta para um número crescente de desempregados, que atingirão a curto prazo, 50 milhões.
Mas qual é a admiração?
Em Setembro de 1995, no hotel Fairmont em Sâo Francisco, Mikhail Gorbatchev reuniu com a elite do mundo.
Dessa reunião, sobressaiu uma ideia base.
O modelo mundial do futuro (globalização), baseia-se na fórmula; um quinto versus quatro quintos.
No próximo século (XXI), para manter a actividade da economia mundial, um quinto das população activa, serão suficientes. Não haverá necessidade de mais mão-de-obra.
Esse 1/5 dos trabalhadores, bastará para produzir todas as mercadorias e para fornecer as prestações de serviços que a sociedade mundial pode gozar. Eles participarão assim activamente na vida, nos rendimentos e no consumo - seja em que país for.
Mas e os restantes quatro quintos?
Para que os excluídos permaneçam tranquilos, os Estados terão que garantir uma sábia mistura de divertimentos estupidificantes e de alimentação suficiente em quantidade, mas com baixo valor nutritivo.
Aquilo que é apresentado, como um acidente resultante de uma crise financeira que atingiu o mundo, não passa das consequências de um risco calculado com a devida antecedência.
E ainda houve quem aplaudisse a globalização, como um bem para a humanidade...
Nota: Elementos retirados do livro - "A Armadilha da Globalização"
O assalto à Democracia e ao Bem-Estar Social
Autores: Hans-Peter Martin e Herald Shumann
Editora:Terramar - Publicado em Outubro de 1998
Colecção - Actualidades
Prémio do "melhor livro político" de 1997 - Fundação Bruno Kreisky, Viena
Este livro explora o avanço da globalização e das suas consequências para o emprego e a democracia. Os autores são dois experimentados jornalistas da revista alemã "Der Spiegfel".

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

1 - Pandora versus Amazónia




      Depois de ver o filme "Avatar", compreendi o motivo que levou alguns brasileiros a mobilizarem-se, no sentido de interditarem a sua exibição no Brasil. 
      Pandora, é um planeta imaginário, onde decorre toda a sequência do filme em questão.
   Colonizadores  humanos descobriram no seu solo,  um minério extremamente raro e essencial para a vida na Terra.
     O problema vivido pelos indígenas de Pandora, designados por Na'vi (seres de côr azul, com 3 metros de altura), é semelhante ao dos índios da Amazónia.
    Têm em comum, uma vivência simples, poderíamos dizer primitiva, ligada à natureza que os rodeia, pela qual nutrem um profundo respeito, e veneram, praticando uma forma de religião animista. Estão organizados em clãs. Cada um deles tem  um chefe, e uma xamã que orienta os rituais sagrados.
   Os colonizadores, representando uma Corporação da Terra, são compostos por um corpo de exploração que usa toda a tecnologia pesada que dispõem, apoiado por uma unidade militarizada de ex-soldados. Olham para os naturais do planeta, como seres inferiores e não tentam sequer compreender os motivos que levam os Na'vi a atacar os mineradores com flechas envenenadas ( à semelhança das zarabatanas embebidas com curare, usadas pelos índios da Amazónia).
    No fim, as tribos unem-se todas, para se confrontarem com os invasores que vêm do céu (exterior), numa batalha épica, e acabam por os derrotar.
    Um desfecho perigoso, sem dúvida,  para todos aqueles que têm destruído a floresta da Amazónia, empurrando os seus habitantes para uma situação de beco-sem-saída.
      E se os índios resolvem copiar o final heróico do filme?...