segunda-feira, 8 de março de 2010

5 - Para onde caminhamos?




Tive a oportunidade de assistir na passada quinta-feira, no programa da RTP1, à Grande Entrevista onde Judite de Sousa questionou o prof. Medina Carreira acerca da situação actual de Portugal.
Foi realmente uma grande entrevista, que me deixou um amargo na boca, por dois motivos; por ser tão curta perante tanto que haveria para perguntar e devido ao panorama que nos foi deixado para um futuro imediato e a médio-prazo.
Não há nada pior, do que manter o povo na ignorância dos factos, e de repente despejar-lhe em cima com um balde de aflições e privações.
Na hora do almoço desse dia, ao ver o desenrolar, pela televisão, da greve da função pública, tinha posto a mim próprio o receio perante a incapacidade que aqueles que manipulam os trabalhadores têm de esclarecer as coisas, pondo os pontos nos iis. Não é possível aumentar os salários da função pública. Nem agora, nem nos próximos anos. A luta reivindicativa, que se compreende, tem de ser substituída pela confrontação dos factos. Estamos a um passo de nos encontrarmos na mesma posição da Grécia que já passou à fase de ter de curtar os valores dos subsídios de férias e de Natal, e que num futuro próximo terá de curtar nos próprios salários, pensões de reforma e outros subsídios sociais. Estamos a dois passos da falência do Estado e a três de perdermos a total autonomia quanto à definição do nossos futuro. E perante isto, todos se calam, desde o Presidente da república, passando pelo governo, que parece sofrer de autismo, até aos Sindicatos que mais uma vez estão a apostar no velho modelo - "quanto pior melhor!".
Valeu a pena ter estado a ouvir o discurso lúcido de um homem, que não se verga aos interesses do momento, nem tem medo das consequências das posições que assume.

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