sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

3 - Fúria Divina

Título: Fúria Divina
Autor: José Rodrigues dos Santos
Editor: Gradiva - 1ª edição Outubro de 2009
Custo: 20,70 euros

Não resisti à curiosidade e comprei este livro.
À semelhança do seu outro livro - "O Sétimo Selo", tem um final feliz, à medida da conveniência do mercado, pois os livros e filmes com um final trágico, acabam por vender pouco, embora nenhum super-herói tenha salvo as populações de Hiroxima e Nagasaki, nem os seis milhões de judeus do holocausto, nem tão pouco as vítimas do 11 de Setembro.
Uma coisa é certa, José Rodrigues dos Santos, teve a coragem e a ousadia de ser politicamente incorrecto, ao dar-nos uma perspectiva do Islão que não é aquela que nos pretendem vender.
Através de conversas ficcionadas, entre duas personagens do romance, Ayman, um mestre fundamentalista, e Ahmed seu discípulo, vamos tendo conhecimento da faceta radical do Islão e do seu fundamento, assente exclusivamente no Corão e nos Hadith deixados pelo Profeta.
Deixo-vos estas passagens do livro, que acho magníficas:
"... No Islão as pessoas não têm o poder de decidir o que é legal ou ilegal. Esse poder é exclusivo de Alá! Os adúlteros têm de ser lapidados até à morte, mesmo que as pessoas discordem dessa penalização. Quem faz a lei de Deus, não são as pessoas! A Lei Divina está enunciada no Santo Alcorão e na sunnah do profeta, que a paz esteja com ele, e as pessoas, gostem ou não, têm de a respeitar na íntegra. Se não o fizerem, tornam-se kafirun e a sociedade mergulha na jahiliya. É por isso que a democracia é inaceitável para o islão. Ao retirar o poder a Deus e entregá-lo aos homens, ela está a semear a heresia e o politeísmo.
"...Existe um hadith que revela que o Profeta, que a paz esteja com ele, perguntou a um grupo de amigos: Quem pode tratar do Kaab bin Ashraf? Referia-se a um poeta que criticava Maomé, que a paz esteja com ele. Um homem chamado Musslemah perguntou: Quer que o mate? O Profeta, que a paz seteja com ele, respondeu: Sim. Musslemah decapitou então o poeta e Maomé, que a paz esteja com ele, disse: Se ele se tivesse calado como todos os que partilham a sua opinião, não teria sido morto. Mas ele ofendeu-nos com a sua poesia e qualquer de vós que fizesse o mesmo também mereceria a espada. Este hadith mostra que não se pode criticar o islão e que a punição para quem o fizer é a morte."
"...Quando vêm com essas ideias, o que eles realmente querem é atingir as fundações do islão e demolir a estrutura da nossa sociedade. Ao pregar a liberdade, a democracia e os direitos humanos, os kafirun cristãos estão a atacar o islão com poderosas armas intelectuais."
Mais à frente, numa conversa entre dois outros personagens, um investigador português, Tomás Noronha, e uma operacional da CIA, Rebecca Scot, o primeiro faz esta afirmação:
"Aqueles a quem você chama fundamentalistas limitam-se a seguir à letra as ordens que estão no Alcorão e na vida de Maomé. Tão simples quanto isso."
Rebecca comenta:
"...Sempre ouvi dizer que o islão é totalmente pacífico e tolerante..."
Ao que Tomás contrapõe:
"...A versão do islão que nos é apresentada é uma versão expurgada destes pormenores perturbadores. Dão-nos uma versão cristianizada do islão..."
Se têm interesse pelo tema do terrorismo islâmico, suas convicções teológicas, suas aspirações e o modo como perspectivam vir a impor o Islão a toda a humanidade, dou-vos por conselho a leitura deste livro.

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